Longe de cair na armadilha de julgar qual é a melhor liderança, acredito que o mais adequado seria conhecer sobre cada uma delas e escolher a mais adequada para o contexto e realidade atual.
O homem como guardião do masculino é como o espermatozoide que ao vencer a corrida competitiva da fecundação, é escolhido para penetrar e compartilhar suas informações contidas nos seus cromossomos xy.
A mulher, por sua vez, enquanto guardiã do feminino é como o óvulo que recebe , compartilha suas informações xx, acolhe, nutre, cria, desenvolve e gera a vida.
Juntos eles formam a cadeia de DNA.
Não existe vida sem a união dos dois.
A mulher traz consigo o solo que precisa ser fértil, úmido, receptivo e o homem traz em si a semente que traz a sua potência e só frutifica no encontro dos dois e no ambiente alcalino e propício.
Homens e mulheres trazem a potência da energia masculina e feminina e ambos precisam cuidar do terreno fértil para gerar vida saudável através do equilíbrio e da parceira de ambos.
Como estas duas essências complementares influenciam na liderança?
Enquanto a liderança masculina impoē, incita competição, decide pelo grupo, traz velocidade, foco e resultado com uma visão mais individualista, a liderança feminina dialoga, compartilha, incentiva a colaboração, amadurece a idéia e traz um resultado com uma visão mais coletiva de ganha-ganha.
Tem pessoas que preferem o estilo de liderança tradicional masculino e tem pessoas que preferem um estilo de liderança mais feminino.
Acontece que tem situações onde um estilo é mais necessário e outras onde o outro estilo é mais adequado.
A liderança de melhor resultado, portanto, aquela que é saudável e sustentável, só acontece quando as duas energias masculinas e femininas fluem com força e harmonia.
Esta integração leva a uma melhor percepção, equilibrio e, portanto, consciência de qual energia precisa ser usada para cada contexto.
A realidade, entretanto, mostra o desequilibrio causado pelo supervalorização do masculino em detrimento da desvalorização do feminino. Seus sintomas, em decorrência, nos permite enxergar que este modelo tipicamente masculino não traz bons resultados.
A história
Nossa história de colonialismo, exploração e dominação reflete a memória de uma liderança excessivamente masculina que levanta a bandeira do controle, do patriarcado, da obediência cega e da rigidez.
As raízes do sofrimento provocado pela liderança antiga ou tradicional mostram conflitos de territorialidade decorrente do exercício do poder masculino inerente do seu apetite para caçar conquistar ter e subjugar.
Esta programaçao mental de poder sobre o outro se faz presente até hoje. Raj diz que a guerra apenas mudou o seu campo de batalha para as salas de reunião e para os ambientes corporativos.
O excesso de masculino e a falta de feminino nos cargos de liderança refletem crenças típicas de chefe como “ manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
Importante ressaltar que não se trata de gênero quando se fala de masculino ou feminino, uma vez que mulheres em cargo de lideranças podem ser mais masculinas que muitos homens.
Além de ser ineficiente e insustentável, esta “liderança do passado” é proveniente de uma estratégia de sobrevivência devido ao contexto de escassez, o que está muito longe de ser realidade nesta nova era. Mesmo assim, esta mentalidade antiga ainda promove o excesso de hierarquia, a centralização, os privilégios dos escolhidos e a punição nas relações interpessoais (o que não funciona mais).
Vivemos numa época diferente, com necessidades diferentes e com maior conhecimento e mais consciência. Antes se fez necessário uma série de coisas que hoje não é mais preciso e muito menos aceitável socialmente.
A realidade
A realidade exige o poder feminino da intuição, criatividade e da colaboração juntamente com os indicadores e dados coletados. Melhor ainda, a realidade precisa de integração (com uma dose maior de feminino).
Antigamente a liderança existia para manter a ordem, hoje o excesso de informação, velocidade e inovações criaram um estado de incerteza que exige da nova liderança uma capacidade de lidar com o paradoxo do não-saber e de não ter controle.
O mundo está doente, as pessoas e o tecido social estão feridos e desconfiados.
Antes era aceitável o desrespeito, a humilhação, o preconceito, a corrupção, hoje não. Além do crime, as pessoas se indignam e exigem direitos que foram conquistados com muito sofrimento ao longo dos anos.
O contexto é tão diferente que as pessoas que trabalham sob os direcionamentos de uma liderança procuram saber de tudo da vida desta pessoa. Se ela é íntegra, se ela é verdadeira, se ela é fiel, etc.
Vida pessoal e profissional é a mesma vida e se o líder não é exemplo de pessoa, cônjuge ou cidadão isso influencia enormemente a sua autoridade moral dentro do trabalho.
Outra coisa, “faça o que eu falo e não o que eu faço” também não funciona mais. Para ser um líder verdadeiro, ter seguidores e verdadeiros liderados precisa ser exemplo e dar aquilo que quer receber.
Quer respeito? É preciso dar respeito. Quer disciplina? É preciso dar exemplo de disciplina. Simples assim.
O chefe das antigas simplesmente se colocava numa relação vertical de superioridade e exigia dos outros o que não era ou fazia.
E sabe como ele conseguia fazer acontecer sem nenhuma autoridade moral? Poder masculino de mando, controle, ameaça e violência.
Quando não se tem autoridade moral que é a forma de conquistar respeito e admiração e ser exemplo inspirador para conseguir liderar pessoas, é preciso usar o poder do cargo, da “canetada”, da “costa quente do quem indica”, é preciso também criar uma relação de medo e fazer questão de mostrar quem manda, quem pode e quem tem o poder.
É por isso que chefes inseguros e sem moral precisam chamar atenção de alguém de sua equipe na frente dos outros, aumentar o tom de voz, fazer piadas ou ironias para diminuir a moral de outro.
O poder do masculino verticaliza a relação e sobressai o “macho alfa”. Os demais precisam abaixar a cabeça e obedecer, caso queiram fazer parte do bando.
O verdadeiro poder, por outro lado, não vem de cargo que te traz privilégios mas de respeito e autoridade moral que se consegue o melhor conquista pelo exemplo e pelo exercício de princípios essenciais e conduta amorosa
O antigo chefe controlador agora precisa ser transformado no líder inspirador, educador e servidor.
E você? Qual líder você se identifica? Qual líder você tem no seu trabalho?
Quer saber mais? Leia mais artigos sobre o assunto por aqui, na ELOS360, escrevo como forma de contribuir para o meu propósito de elevar o nível de consciência de pessoas e empresas para um mundo com relações mais saudáveis, íntegras, colaborativas e empáticas.
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