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Liderança em novos tempos

Liderança em novos tempos

8 de maio de 2020

Muitos aprenderam que liderança pode ser tanto um talento nato quanto uma competência que pode ser desenvolvida. Atualmente, com a ampliação de consciência e as novas necessidades deste mundo VUCA, ou seja, volátil, incerto, complexo e ambíguo, a liderança passou a ser muito mais do que uma habilidade. Quer saber qual será o novo perfil da liderança nestes novos tempos? 

Primeiramente, é muito importante esclarecer o contexto em que vivemos. 

Estamos em tempos de rápidas transformações, desconstruções, inovação e evolução. Um nova consciência e mentalidade reforça a necessidade de lidar com as incertezas, resgatar o essencial que foi excluído, integrar o que foi separado, sair do ego e desapegar de muuuita coisa do passado. 

Diante de um contexto de tanto excesso, velocidade e foco exclusivamente na quantidade, no lucro e no crescimento ilimitado, vários sintomas, crises, e tensões sinalizaram o impacto insalubre e destrutivo provocado pelos líderes tradicionais juntamente com o estilo de gestão e estrutura organizacional. O sofrimento já passou do limite. 

Desta forma, transformação e rápidas ações sob uma nova mentalidade, ou seja, mais sistêmica, é urgente e necessária para o fortalecimento de uma nova liderança capaz de ajudar na construção de uma nova era: mais saudável, equilibrada, colaborativa, empática e integrativa.

Não é à toa que estamos tendo vários momentos de disrupção. Estes revelam uma ruptura de uma cultura para uma outra completamente diferente. Percebe. Não é somente um processo evolutivo gradativo, mas um basta, uma quebra de paradigmas e uma revolução radical. 

Por outro lado, a jornada para um novo tipo de líder é interna e passa pela evolução, que por sua vez passa pelo autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Este é o degrau que todos precisam subir para chegar ao nível mais alto da liderança e conseguir inovar sua gestão e estrutura. 

Mas como é a liderança em novos tempos? 

Líder humanizado, líder educador, líder coach, líder servidor, líder consciente, líder sistêmico. São muitos novos adjetivos para sinalizar esta evolução. Mas, o essencial é que muito além de ser algo nato ou desenvolvido, este novo líder é aquele que tem uma missão de grande responsabilidade e impacto na vida. Em outras palavras: está a serviço da vida, do coletivo e respeita os princípios essenciais que regem todos.

A liderança em novos tempos é sistêmica, humanizada, colaborativa e descentralizada.

Seguem alguns pontos luminosos da liderança em novos tempos:

Autoconhecimento e autenticidade: 

O líder, para exercer o seu papel com maestria, precisa ser líder de si mesmo, ter claro seu propósito, ter forte sua bússola moral e inspirar os outros pelo exemplo, como um farol que ilumina o caminho e revela tudo o que faz parte dele: as emoções, tensões, dificuldades, possibilidades. 

Desta forma, o líder revela-se como um ser humano, com luz e sombra, forças e fraquezas, tendo claro que mostrar vulnerabilidade, pedir ajuda, emocionar-se, revelar suas tensões e dificuldades são exemplos de grande coragem e força. 

O líder consciente da humanidade não usa máscaras nem se protege em armaduras ou jogos de poder, ele prefere compartilhar o poder, mostrar o que é e buscar o bem comum. 

Ele é guiado pela essência divina e não pelo ego.

Maturidade emocional:

O líder consciente dos novos tempos sabe que a verdadeira liderança é construída por uma autoridade moral e não pela autoridade do cargo. “Crachazada”,  “você sabe quem está falando”, “eu sou o seu chefe”, “se você não bater meta eu te mando embora”, “faça o que eu mando” não funcionam mais no atual contexto. 

Uma das mais importantes responsabilidades do líder consciente é construir um espaço emocional seguro, onde se cultive o respeito pelas individualidades, pelas diferenças e juntos construam relações saudáveis, maduras e empáticas.

Para isso é fundamental que o líder tenha grande inteligência emocional. Saber lidar com pessoas precisa ser a sua maior especialidade, uma vez que algumas das responsabilidades deste líder consciente são: acionar o melhor do outro, despertar para que cada um de sua equipe amplie sua luz, encontre o seu propósito, se transforme na melhor versão de si mesmo e contribua no coletivo com o seu melhor.

Costumo dizer que quando maior a exposição do poder sobre os outros, ou seja, da autoridade do cargo, mais imaturo, inseguro e despreparado é a pessoa que ocupa este lugar. Por mais que possa ser chamado de líder, esta pessoa veste apenas uma fantasia que esconde aquele chefe autoritário que se “protege” em relações verticais e “ataca” as pessoas de sua equipe através de uma gestão de comando e controle.

Empatia e Compaixão 

O líder consciente segue a regra de outro: “Faça aos outros o que gostaria que fizessem com você” e vai além. Ele procura se colocar no lugar do outro para identificar as reais necessidades da pessoa e verificar se a escolha de como agir com ela atende estas necessidade. Nem sempre o outro gostaria de ser tratado como nós gostaríamos. 

A empatia e a compaixão são antídotos para os novos tempos. Entretanto, a compaixão é mais benéfica e necessária do que a empatia, uma vez que esta que pode gerar antipatia à outras pessoas e grupos. 

Como seres coletivos temos a tendência à se indignar, julgar e proteger os mais fracos atacando aqueles que os fizeram mal. Ou seja, algumas vezes, a roda de violência apenas se inverte sob o movimento despertado pela empatia. 

O líder consciente, por sua vez, sabe ser empático e compassivo com todos as pessoas e seres vivos. Ele está a serviço da vida e não das coisas. Para ele, tempo é vida e não dinheiro.

Diálogo que conecta e Comunicação Não Violenta 

O líder consciente sabe que um dos maiores desafios nas relações é a comunicação e a maioria das pessoas foram condicionadas a se comunicar com interpretações, julgamentos, convicções e certezas, entre muitos outros dificultadores.

Saber se expressar com autenticidade e empatia, assim como saber mediar conflitos e tratar tensões são habilidades essenciais para os líderes que irão ajudar a construir uma nova cultura mais íntegra, mais colaborativa, mais pacífica e solidária.

O líder consciente mantem um espaço de escuta ativa e de cultivo das tensões e conflitos que fazem parte da vida e das relações. Ele traz transparência e visibilidade à tudo o que está vivo e  que diz respeito aos envolvidos. 

Ele não permite criar bastidor ou subterrâneo de questões. E incômodos não vistos ou tratados. Ele tem coragem de iluminar as sombras criadas pelas pessoas que agem pelo medo e tem habilidade de transformar uma cultura de medo para uma cultura de confiança. 

Além de estar sempre aberto para receber feedback, ele escuta e dá feedback. Não “fodeback”e nem “floresback”, ele dá feedback, uma mensagem que retrata sua percepção sobre: os comportamentos desalinhados com os acordos, os pontos cegos que enxerga do outro, os pontos de melhoria e deixa claro na mensagem a sua intenção de ajuda, apoio e incentivo.

Busca pelo bem comum

O líder consciente busca atender as necessidades do coletivo, da sua equipe e é esta busca pelo bem comum, objetivo comum ou propósito maior que o direciona e o motiva.

Ao invés de ser servido, ele serve. Ao invés de fazer o que é conveniente, ele faz o que é certo.

Simples assim. 

Descentraliza o poder

O líder sistêmico sabe que faz parte de um todo e busca descentrar o poder e as informações para ampliar perspectiva e acionar uma inteligência coletiva. A Luiza Helena faz no Magazine Luiza de “soma dos QIs”.

A tendência dos tempos é sair do comando e controle e ir para a autonomia e anti-fragilidade ou incerteza. E quando se descentraliza o poder você cria redes sistêmicas com maior velocidade, dinamismo, flexibilidade, colaboração, engajamento, criatividade e possibilidade de evoluir e inovar.

Reconhece a luz do outro e busca evoluir continuamente

Ao contrário de querer ser cabeça de formiga e se se sentir mais importante do que os demais, o líder consciente prefere ser rabo de elefante. Ele prefere estar cercado de pessoas melhores do que ele, ou seja, com mais experiências e que possa ajudar na sua evolução e crescimento.

Como não é guiado pelo ego, pouco importa o cargo, o lugar, ou o papel que vai desempenhar. O mais importante é o impacto que pode provocar e sua oportunidade de aprender.

Ao contrário das pessoas que se incomodam com a luz dos outros, o líder consciente gosta de elogiar e se alegra com o destaque e brilho dos demais. Afinal, luz com luz é mais luz.  

Traz transparência e visibilidade

Além de trazer clareza das pessoas, o líder consciente e 360 busca transparência em todas as relações, processos, tensões.

Esta visibilidade ajuda a não criar subterrâneo e sombras corporativas e permite trazer para a consciência o que precisa ser visto, tratado, transformado, incluído, organizado, compreendido, etc.

A tendência dos novos tempos e já atuais é trazer cada vez mais transparência e visibilidade do processo, da intenção, de tudo. Este processo não só traz segurança como ajuda a criar a ponte mais importante das relações: a confiança.

O futuro já presente.

Agora, a tendência da liderança é ser compartilhada e cada vez mais feminina, ou seja, com mais acolhimento, cuidado, intuição, emoção e colaboração.

Cada vez mais empresas tem transformado sua estrutura vertical para organizações orgânicas com funcionam com auto-gestão. Este é um caminho natural para se ter mais velocidade, colaboração e engajamento das pessoas que fazem parte de um sistema coletivo que tem um propósito superior.

Enquanto isso, a liderança evolui e se humaniza até chegar o ponto de compartilhar de vez o seu poder e fazer parte de uma empresa também humanizada e orgânica.

Líderes são exemplos multiplicadores de cultura e os maiores agentes de transformação.

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