Seja no trabalho ou na vida, a depressão é um sofrimento que, além de ser devastador, é muito mal compreendido.
Quantas vezes ainda escutamos “diagnósticos” como: “depressão é frescura”, “quem trabalha não tem depressão”, “depressão é falta de fé ou de Deus”, ou ainda “soluções” como: “toma mais sol que melhora”, “faz mais exercícios físicos para aumentar a serotonina” ou “foque em outra coisa e trabalhe mais que passa”?
Esse tipo de conversa só piora (além de revelar profunda ignorância). Além de mostrar uma total falta de empatia e respeito, pode criar outros sofrimentos para quem está com a doença, como a dúvida sobre si mesmo e o sentimento de culpa.
Definindo a depressão
Depressão não é fraqueza ou falta de disciplina, nem é algo que o paciente possa simplesmente resolver apenas com a vontade própria (assim como deixar de fumar ou emagrecer).
Depressão ou o transtorno depressivo é uma doença complexa que afeta não só a pessoa que a possui, mas todas as outras que estão ao seu redor. O seu desconhecimento, por sua vez, junto com a tentativa de “resolver” ou “ajudar” só piora a situação.
É por isso, que é de extrema importância esclarecer o assunto e encontrar formas mais empáticas e efetivas de lidar com as pessoas com depressão.
DEPRESSÃO É A 4° DOENÇA MAIS DEBILITANTE DO MUNDO | Fonte: Nursing Copyright © 2017.
“Mesmo sendo tão silenciosa a depressão se coloca no 4° do ranking das doenças mais incapacitante de todo o mundo ficando à frente do câncer. Em 2030, as projeções da OMS são de que a depressão será o maior mal do planeta no campo da saúde.” – Nursing Copyright © 2017.
Mas o que é depressão?
A depressão é uma doença da psique ou da alma (razão, emoção e motivação) cujos sintomas mais conhecidos são: a tristeza além do normal; o desânimo; a baixa autoestima e dificuldade de lidar com a vida pessoal e profissional. Geralmente requer tratamento a longo prazo.
Depressão x tristeza
A maior diferença entre depressão e tristeza é que a segunda tem uma causa e é uma reação normal e esperada para muitas situações frustrantes como a perda de um ente querido, o fim de um relacionamento amoroso ou a perda do emprego, etc.
Entende-se que é completamente saudável e natural sentir tristeza após situações de perda e frustração. A tristeza, nesses casos, atua como uma força passiva que está a serviço de algo – ou de uma elaboração de luto, um fechamento de ciclo ou um novo significado para algo. Ela é importante e é capaz de criar coisas belíssimas nesse processo de transformação e resignificado. Ela precisa de um tempo necessário e, assim que termina a sua função, ela se vai.
Na depressão, por outro lado, além de não ter uma causa ou um propósito, o sentimento de tristeza é profundo, contínuo e não alivia com a ajuda de outros. Ela toma a vida da pessoa e começa ocupar seus espaços, como uma sombra. Onde ela toca perde-se o sentido, o sabor, o brilho, a beleza. Às vezes, ela chama o medo, a insegurança, a ansiedade, para fazer companhia na solidão, e, às vezes, a pessoa deprimida pode chorar sem motivo, como se transbordasse a tristeza de todo o seu sistema familiar ou de todo o mundo.
A tristeza é, portanto um dos sintomas da depressão. E não precisa ser intensa para ser diagnosticada. Para estar deprimido não é preciso passar o dia inteiro na cama chorando, ou chorar todo o dia, tem pessoas com depressão que nem choram. Por isso é importante identificar outros sinais pelas quais a depressão pode se manifestar como:
– procurar se isolar do convívio social
– procurar esconder o corpo, usar roupas largas e discretas
– cansaço exagerado, sonolência e indisposição
– perda do interesse nas atividades do dia-a-dia, como tomar banho, fazer uma comida , etc
– perda de vontade de fazer atividades que antes eram prazerosas
– não ter planos para o futuro
– dormir mal ou dormir muito
– comer mal ou comer muito, que pode levar a alteração de peso
– ter baixa autoestima ou sensação de inutilidade
– inquietação e ansiedade, que podem ser vistas como maior agitação
– cansaço exagerado, sonolência e indisposição
– sintomas físicos como tensão no corpo, dores de cabeça, dor de estômago, intestino irritado
– pensamentos suicidas (Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos mostrou que 90% dos suicidas tinham quadros depressivos ou estavam sob efeito de drogas)
Mas o que provoca a depressão?
Pesquisas revelam que pessoas que possuem familiares com depressão apresentam um maior risco de também desenvolverem a doença, indicando que existe uma vulnerabilidade à depressão que pode ser herdada geneticamente.
Apesar disso, também foi provado que a herança genética sozinha não é suficiente para desencadear a doença. Estudos com irmãos gêmeos idênticos mostrou que há concordância em apenas 40% dos casos. Portanto, outros fatores além da genética são necessários para que o transtorno depressivo surja.
Existem várias causas e cada um é um para fazer o diagnóstico. Quantos podem estar sendo leais de forma inconsciente ao próprio sistema familiar, ou quantos podem ter desencadeado por uma questão específica. Pós-parto, perda de um ente querido, demissão, etc. Tudo isso são elementos externos que podem desencadear a doença, mas ela é acionada de dentro para fora e alimentada pela própria pessoa.
Agora que entendemos que palavras de encorajamento e receitas não só não ajudam como podem piorar, como podemos lidar com uma pessoa que tem depressão?
Como agir com alguém com depressão?
- com muito respeito e isso inclui aceitar a doença do outro e a sua situação sem tentar mudar.
- com conexão verdadeira e profunda e isso implica escutar de forma empática, sem querer diagnosticar e resolver.
- com presença (o quanto puder), de forma a mostrar-se como um porto seguro, para quando a pessoa precisar.
- com encaminhamento (no caso de quem não sabe o que tem e não está em tratamento). Orientar a pessoa, nesse caso, para buscar ajuda com um profissional especializado.
- com esclarecimento (no caso para outras pessoas, seja na família ou no trabalho). Compartilhar o conhecimento sobre a doença e sobre como lidar com a pessoa que está com depressão.
Viu? Não tem muito o que fazer. Estamos falando de empatia e de compaixão (e isso não é sentir dó ou pena!), é sentir junto, sentir com o coração.
A pessoa tem uma doença e não é a doença. Por isso é melhor dizer que alguém está com depressão do que, que é deprimida.
O mais importante é sentir a pessoa e o momento dela e se colocar nesse lugar – com respeito e profunda presença.
Estamos juntos. Estou por aqui. Conte comigo.
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