É provável que muitos ainda achem estranho falar de alma da empresa, mas para empresários e líderes que já estão em um nível superior de consciência, falar de alma, amor, propósito, bem comum, valorização das pessoas, fé, princípios e valores essenciais, entre muitos outros temas subjetivos, já é uma prática real
Infelizmente, o mundo corporativo ainda se encontra no antigo paradigma: muitos empresários ainda enxergam a empresa como uma máquina que procura explorar ao máximo os recursos internos e externos para ampliar o lucro e os interesses da sua minoria. No entanto, este modelo mental cartesiano, linear, simplista, materialista e outros istas, foi importante para uma época passada. Hoje, este pensamento não só nos impede de ver o todo, mas sim de ver o dentro. Pensando dessa forma materialista, não enxergamos a nossa interdependência nem a sutilidade das coisas essenciais, o que nos aproxima cada vez mais do sofrimento e das crises conflituosas que estamos vivendo.
Quando se tem uma consciência mais ampliada e sistêmica, percebe-se que as tristes evidências são apenas indicadores de uma ausência ou desarmonia nas relações, proveniente, muitas vezes, da incapacidade de enxergar e viver princípios essenciais que regem um mesmo sistema.
Uma das maiores diferenças entre os sistemas vivos, sejam eles uma pessoa ou uma organização, é o nível de consciência e maturidade para não simplesmente fazer parte do mundo, mas fazer a sua parte.
Somos todos agentes sociais e empresas com alma são os grandes transformadores em potencial, que têm o poder de deixar um legado inspirador. Empresas com alma, portanto, são organismos vivos, com suas áreas interdependentes que seguem princípios universais e buscam o mesmo propósito: servir e contribuir para o bem comum.
O que seria uma “alma de empresa”?
A alma da empresa pode ser entendida como: a parte imaterial e sutil, seu jeito de ser e se relacionar, sua cultura, seu DNA, sua identidade. Sem dúvida, é o principal diferencial no mercado. Além disso, contribui para a formação de equipes alinhadas, produtivas, engajadas, inovadoras e responsáveis pelo bem comum. Quando uma empresa tem alma, todos ganham, todos crescem e, juntos, contribuem para um mundo melhor: de dentro para fora.
O QUE EXISTE EM COMUM NAS EMPRESAS QUE CRESCEM COM ALMA?
Além do propósito do lucro, empresas com alma selecionam com muito cuidado e investem fortemente em pessoas. Não digo só em treinamentos, que acontecem de fora para dentro, mas, principalmente, em desenvolvimento pessoal.
Somente quando a empresa investe profunda e constantemente em uma cultura de princípios ela consegue fortalecer uma bússola moral interna que orienta todas as escolhas, posturas, atitudes e comportamentos de forma ética, verdadeira, colaborativa, transparente, respeitosa, solidária e sustentável.
Empresa com alma são criadas por empreendedores com alma, investidas por acionistas conscientes, dirigidas por líderes exemplos e multiplicadores, vividas por cada colaborador que faz parte da empresa e admiradas pelos clientes, fornecedores e parceiros.
A SUA EMPRESA TEM ALMA?
Imagine um ambiente de trabalho comum. Como as pessoas chegam para trabalhar? Como elas se cumprimentam? Como elas se comunicam e se relacionam? O quanto contribuem para o bem estar do cliente? O quanto cuidam do nosso ambiente comum, que é nosso planeta?
Infelizmente, o mundo corporativo mostra que muitas pessoas são vistas como indicadores de resultados. Estão desnutridas de atenção integral e estão intoxicadas de tanto julgamento, crítica, cobrança e rejeição. Vejo a dificuldade de funcionários sentirem-se colaboradores, de donos não se sentirem reféns, de líderes contando com equipes parceiras. Desafio você a encontrar relações verdadeiras, transparentes e equilibradas. Percebo que a maioria das pessoas está sobrevivendo no automático, perdida no furacão das demandas e das cobranças externas e internas. Toda essa dinâmica alimenta sintomas físicos e emocionais que, por sua vez, são eficientes indicadores da desarmonia e do fluxo interrompido do amor.
Sim, amor. Pode até parecer piegas, mas falar de amor é falar do que alimenta a alma, é falar de uma cultura de princípios. De relações baseadas na busca do bem comum.
Uma empresa que tem como base o amor não alimenta o medo e as pessoas não vivem um clima tenso de comunicações truncadas. Pelo contrário.
Meu trabalho como psicóloga, coach e consultora sistêmica, especialista no desenvolvimento de pessoas e suas relações, revela que apenas uma minoria de empresas investe numa cultura de princípios. Mesmo sabendo que meus clientes são uma minoria, é propósito de vida e de trabalho contribuir para crescimento das empresas que valem a pena existir. Empresas que têm alma e fazem a diferença nesse mundo.
Quer um exemplo? Sirvo uma grande rede varejista chamada Magazine Luiza e sou admirada por sua cultura de verdade, valorização das pessoas, olho no olho e ganha-ganha. A lista de valores compartilhados é muito maior e a busca de sua prática no dia a dia é o que fortalece a sua alma e o seu jeito “Luiza” de ser.
Cultura e Alma começam de cima para baixo, com seus donos e lideranças através das práticas.
Agora, respire fundo e imagine a sua empresa e o seu ambiente de trabalho. É um lugar com alma? Você sente um clima caloroso, verdadeiro e colaborativo? Suas relações no trabalho são saudáveis e prazerosas? Se ainda não refletiu sobre isso, vale a pena refletir e agir. Afinal, aonde você passa o maior tempo da sua vida?
Se precisar de ajuda, já sabe com quem contar!