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A fragilidade no presente e os novos caminhos

A fragilidade no presente e os novos caminhos

10 de junho de 2020

Os sintomas atuais revelam falhas sistêmicas profundas, assim como um padrão doentio e distante da nossa natureza humana, orgânica e espiritual. 

Os sofrimentos, crises e conflitos revelam a ineficácia e a fragilidade de uma mentalidade, cultura, gestão e estrutura que foi se verticalizando tanto que se afastou da própria essência e, simplesmente, se desconectou do que é essencial.

Quando falo do essencial, digo sobre o servir à vida, do fazer parte do mesmo sistema, do assumir o seu papel com co-responsabilidade pelo bem comum, de honrar os antepassados e antecessores, de estar em equilíbrio entre o dar e receber.

O mundo está frágil porque ele repete os modelos de um nível de consciência do passado que trouxe muito sofrimento e desarmonia.

Durante muito tempo ou mais precisamente depois do final do século XVII o mundo, as pessoas e as empresas foram vistas e tratadas muitas vezes sem respeito ou humanidade, assim como máquinas.

Temos séculos de exploração reforçado por valores que hoje não condizem com a nova realidade e consciência. A vida e todo o seu ecossistema foram explorados de forma ilimitada para saciar as necessidades somente do ego e de uma minoria que continua exercendo poder sobre os demais. 

As pessoas estão frágeis porque muitas se afastaram de sua essência, perderam sua integralidade e, sem consciência tem desrespeitado seus limites, assim como os princípios sistêmicos que nos trazem harmonia enquanto parte de um mesmo sistema coletivo. 

Muitas pessoas não conseguem atender suas necessidades mais profundas e repetem padrões inconscientes doentios que perpetuam a limitação e o sofrimento. 

A fragilidade aciona nas pessoas o módulo sobrevivência, que se alimenta do medo e é dirigidas pelo ego que aciona todos os alarmes, defesas e recursos para lutar e ou fugir, evitar o sofrimento do passado e prever o sofrimento do futuro. (Não é a toa o excesso de passado que alimenta a depressão e o excesso de futuro que alimenta a ansiedade dos dias atuais!)

Sim, o foco está no sofrimento e muitos estão andando em campos minados.

Contexto atual: a triste realidade

E esta é uma perspectiva do que está acontecendo com as pessoas como parte de um todo, a maioria delas também estão frágeis e sensíveis, principalmente (e paradoxalmente) esta nova geração que não sabe lidar com frustração e nem com incertezas.

Infelizmente tenho percebido uma crescente leva de adolescentes e “adultoscentes” que não sabem lidar com adversidades, frustrações ou não tem força ou recurso interno para se esforçar e lutar por algo (muitas vezes recebem pronto, compram pronto ou ganham de alguém). 

Percebo a fragilidade de muitos e o baixo nível de consciência e percepção, além da dificuldade de se responsabilizar pela própria vida e escolhas.

O triste é que pessoas frágeis sofrem: de tédio, preguiça, alienação, depressão, ansiedade, baixa auto-estima, inseguranças, dificuldade de se relacionar e, estas fragilidades internas podem culminar em doenças, isolamentos e até em suicídios.

A esperança é que estamos todos recebendo o mesmo convite da pandemia para um despertar para a transformação. Então, cabe a cada um de nós ampliar a consciência e fazer diferente.

A pandemia revelou nossa fragilidade e nossa interdependência, assim como nos trouxe muitos aprendizados. 

O que é fragilidade?

Ao contrário de anti-fragilidade que é, em si, é complexa, fragilidade é um conceito simples que mostra a necessita de manuseio com cuidado, pois tem grande facilidade de quebrar. 

Por isso é preciso ter precaução ao lidar com itens frágeis porque podem ocorrer imprevistos. Levando para organismos vivos frágeis, qualquer frustração, pode levar a quebra, a destruição ou a morte. 

A fragilidade, por sua vez, pode ter sido desencadeada por vearias causas, como a ausência de desconforto, esforço e frustração ou pelo o seu oposto que leva a rigidez e defesas.

Sendo assim, aqueles que sofreram muito e tiveram que lutar a vida toda para sobreviver não significa que se fortaleceram. Eles podem ter se endurecidos e se preparados de armaduras e armas.

Eles podem até terem desenvolvidos resiliência, ou seja, eles podem ter se mantidos intactos e vivos, mas podem também terem se endurecidos, e, algo que não é flexível, também é frágil e se quebra. 

Novas necessidades e caminhos

Antigamente, alguns dos maiores valores sociais eram a segurança, a solidez, a ordem e o controle dos processos, o poder sobre, o status e a quantidade. 

A antiga mentalidade, estrutura e estilos de gestão foram úteis para atender as necessidades do contexto passado, mas mostraram ser incapazes de atender as novas necessidades como qualidade, saúde, regeneração, sustentabilidade, paz, verdade, transparência, propósito superior, integralidade, colaboração, autonomia, diversidade, inclusão, dinamismo, velocidade, criatividade, aprendizagem, significado, evolução, compaixão, amor. Assim como não conseguem acompanhar a velocidade e lidar com a complexidade do mundo atual. 

A maior necessidade hoje é de nova mentalidade capaz de resgatar e integrar o que foi excluído e fazer grandes transformações, mudanças e evoluções. 

De encontro a este movimento cada vez mais crescente de evolução e inovação, novas tecnologias sociais tem surgido para operar a partir de uma estrutura orgânica que possibilite uma gestão com mais humanidade, autonomia, flexibilidade, diversidade, inclusão, dinamismo, velocidade, criatividade, aprendizagem, qualidade, significado e evolução. 

A sociocracia, a holacracia e as organizações orgânicas são alguns exemplos da quebra da repetição dos modelos anteriores. 

Os novos caminhos para não perpetuar a fragilidade e iniciar uma jornada para se tornar anti-frágil é olhar para o que é com aceitação e para o que não conhece com abertura. 

Somos todos vulneráveis e nossa natureza é frágil, entretanto nossa mente é ilimitada e quando aberta e fortalecida ela pode nos ajudar a aceitar o passado e as incertezas do futuro, assim como aprender com os erros e superar as dificuldades do presente. 

Este tem sido um novo caminho anti-frágil.

A coragem está em reconhecer a fragilidade, trazer consciência para os pontos cegos e fazer algo bom com tudo isso. Se quiser aprofundar mais, entre em contato com a Elos360.

Você já leu o artigo anterior sobre anti-fragilidade? Leia aqui;)

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