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O que é Constelação Sistêmica e como ela pode te ajudar

O que é Constelação Sistêmica e como ela pode te ajudar

13 de março de 2017

Pode ser que você já tenha ouvido falar em Constelação Sistêmica, mas sabe o que realmente é? Sabia que é possível aplicar a Constelação Sistêmica nas empresas?
Vamos partir do começo.
Nascemos de uma relação e nos fazemos através delas. Somos seres sociais, dependentes para sobreviver e interdependentes para viver. A história da nossa humanidade já relata o desafio de conviver e, por mais que tenhamos evoluídos, ainda repetimos os sofrimentos do passado. Por que seguimos os destinos que nos levam ao sofrimento? Como melhorar nossos relacionamentos em geral?
Um alemão chamado Bert Hellinger conseguiu responder a essas perguntas. Mergulhou nesse universo das relações, identificou 3 princípios essenciais e criou uma metodologia chamada Constelação Sistêmica.
Entendendo o processo
A Constelação Sistêmica, parte-se do pressuposto que somos sistemas vivos pertencentes e interdependentes a outros sistemas vivos, sendo a família o sistema mais importante, responsável e influenciador da nossa vida. Essa abordagem sistêmica, contra-mão do método racionalista clássico de Descartes, é resultado de uma pesquisa científica proveniente da observação e de estudo de casos familiares e organizacionais que demonstrou a existência de três princípios essenciais que regem as relações dentro de um sistema vivo: o pertencimento, a ordem e o equilíbrio.
Esses princípios foram chamados por Hellinger de “as ordens do Amor”, uma vez que, acredita que o mesmo é o maior propósito da vida. Hellinger descobriu que existe um “amor maior” maduro e regido por uma “grande consciência” e um “amor menor”, inconsciente e infantil que nos leva a repetir os padrões geracionais do sistema original. “Por amor”, as pessoas “escolhem” a repetição que leva ao sofrimento e são esses princípios, forças dinâmicas, articuladas e invisíveis que agem e influenciam nossas escolhas e, consequentemente, nossos relacionamentos e nosso futuro.
Assim como não enxergamos a força da gravidade, também não enxergamos os princípios sistêmicos, podemos apenas sentir os efeitos desses princípios através dos campos mórficos, uma espécie de campo de memória transgeracional que revela informações ocultas e influencia o sistema através da ressonância. Rupert Sheldrake[1] chamou a transmissão dessas regiões de influência que se estendem no espaço e tempo, de ressonância mórfica.
Baseados nos princípios, nos campos mórficos e nas metodologias já existentes como o Psicodrama de Moreno, a metodologia de terapia familiar baseada em Programação Neurolinguística de Virginia Satir, entre outros, Hellinger percebeu que poderia usar pessoas ou objetos para fazer leitura externa e interna das dinâmicas das relações. O conhecimento destas possibilitou não só identificar um “bom” lugar dentro do sistema como criar frases de solução que permitem impactar a consciência e o fluxo do sistema. A leitura interna, por sua vez, se dá primeiro através de uma postura vazia, sem julgamento e com um profundo respeito e centramento, que possibilita perceber as sensações provenientes dos campos dos representantes.
Dessa forma, a Constelação Sistêmica  contribui com o diagnóstico das relações, trazendo informações ocultas dos sistemas e possibilitando a cura pela ressonância, incluindo os excluídos e restabelecendo a ordem e o equilíbrio perdido.
Quais os benefícios da Constelação Sistêmica?
O propósito da Constelação Sistêmica Familiar e organizacional é restabelecer o fluxo harmonioso das relações do sistema como um todo.
Os sintomas, sejam eles sociais ou pessoais, são vistos como uma forma de compensação e funcionam como indicadores da exclusão, da desordem e da falta de harmonia desses princípios atemporais e universais. Isso significa, por exemplo, que quando uma geração desrespeita alguns desses princípios, a geração seguinte pode “pagar o preço” para reestabelecer a harmonia perdida. Ou isso pode acontecer numa mesma geração.
Essa justiça sistêmica só pode ser vista e compreendida através de um novo paradigma, uma vez que o modelo mental vigente, cartesiano, linear e simplista, é incapaz de processar.
Somente uma visão sistêmica, complexa e fenomenológica (uma postura no aqui e agora e sem julgamento) é capaz de compreender a imensidão e a força dos invisíveis emaranhados que se desenrolam e enrolam gerações e gerações, recriando destinos e distanciando a possibilidade de um futuro diferente.
Um exemplo comum do desrespeito ao princípio da pertinência é a exclusão de um membro da família, que pode ser vista no esquecimento, no julgamento e ou na não convivência com alguém. No caso de empresas, pode ser o esquecimento do fundador ou uma demissão injusta ou desrespeitosa.
Casos comuns
Um caso muito comum no âmbito familiar, é quando uma mãe se separa de um pai e o “exclui” da vida do filho, julgando e maldizendo esse pai. Esse filho, por sua vez, em lealdade inconsciente ao pai e em busca de “justiça” por sua inclusão ao sistema, se identifica com o pai excluído, se tornando parecido com ele. Percebe-se que para o sistema, não se faz juízo de valor, todos tem o direito de pertencer e tem o seu valor no sistema. Sem o pai, o filho não estaria vivo. Na abordagem sistêmica, aquele pai, que poderia ser alcoólatra, ladrão, etc, é o melhor pai para aquele filho e o resgate do fluxo harmonioso desse sistema só acontece com a inclusão, honra e respeito pelo mesmo.
No caso da empresa, uma demissão com forte senso de exclusão pode criar um alçapão para os próximas pessoas que vão ocupar aquele cargo ou uma espécie de identificação com aquela pessoa que saiu, podendo causar o mesmo tipo de conflito ou estrago. É sempre muito importante reconhecer o valor daquela pessoa e agradecer pelo tempo que compartilhou na empresa. No caso daqueles que não agregaram concretamente, a gratidão entre como forma de aprendizado  ou compensação.
Em casos de conflitos ou sofrimento por conta do desrespeito ao princípio da pertinência, podemos nos perguntar: Aquela pessoa está a serviço de quem? Quem precisa ser incluído, neste sistema ou no sistema familiar? De acordo com Helinger, algumas vezes, a falta de prosperidade de uma família tem a ver com a exclusão de um membro dessa família, geralmente a mãe, e, quando ela é incluída, o fluxo volta a ser restabelecido e a prosperidade acontece.
A ordem das coisas
O segundo princípio sistêmico se refere à ordem – um conjunto de regras que governam o comportamento e dá forma aos papéis que são desempenhados no grupo. Até mesmo no caos existe uma ordem inquestionável! “A hierarquia é a ordem da paz”, diz Hellinger. A abordagem sistêmica vê o primeiro sempre como o primeiro, assim como na matemática, primeiro vem o um, depois vem o dois e assim por diante. Essa ordem importa, por exemplo, no caso dos filhos – cada um tem o seu papel e o seu lugar enquanto primogênito, ou o segundo ou o caçula.
Um outro exemplo acontece nos casamentos. Pelo sistema não existe ex-marido ou ex-esposa e sim o primeiro, o segundo, o terceiro, etc. No caso dos pais, estes serão sempre “maiores” do que os filhos, uma vez que eles “deram” o maior bem que os filhos possuem, que é a vida. O sistema novo, por exemplo, o casamento atual, tem prioridade sobre o anterior e o membro do sistema anterior, no caso um filho do outro casamento, tem precedência sobre o sistema atual. Como podemos ver, a ordem possibilita o fluxo harmonioso das relações. Por outro lado, quando um filho sai do seu papel e sente ou se coloca no papel dos pais, conflitos e sofrimentos aparecem para sinalizar a desordem.
No caso das empresas, um conflito comum é quando um liderado se sente maior ou quer agir como se fosse o líder. Isso acontece com mais facilidade quando o líder não atua dentro do seu papel e responsabilidade ou quando não tem autoridade moral conquistada e reconhecida pelas pessoas da equipe.
Dentro de um olhar sistêmico, quando um cargo importante não está sendo desempenhado conforme necessidades do sistema organizacional, alguém assume e inicia o conflito. O líder, assim como o pai e mãe, possui um papel extremamente importante para a saúde das relações. Ele é o exemplo multiplicador de cultura – a base de valores, os  direcionamentos do futuro e o jeito como as coisas deveriam ser.
Dentro da matriz de responsabilidade e dos princípios sistêmicos, a ordem começa pelo fundador, que semelhante ao pai, será sempre o grande e precisa ser honrado e lembrado. Depois do fundador, vem o presidente, depois o superintendente, depois o diretor geral e segue na ordem de impacto na sobrevivência da empresa, ou seja, da área financeira até os serviços gerais, que também têm seu grande valor.
A carreira, por sua vez, acontece com o aumento de responsabilidade pela sobrevivência e crescimento do sistema organizacional. Quando isso acontece com respeito ao processo e à ordem, como quem escala degraus de uma escada, as pessoas do sistema respeitam e a autoridade dessa pessoa é naturalmente conquistada.
Uma outra ordem importante é o tempo de trabalho. Quem chega primeiro precisa ser reconhecido e ter mais direitos do que quem chega depois. Assim como é preciso reconhecer quem tem o melhor desempenho. Quando se elogia, reconhece ou beneficia todos, perde-se o destaque e a meritocracia, contribuindo para a desmotivação não só daqueles que fazem acontecer ou o que estão há mais tempo, mas todos. Dentro de uma empresa, todos que trabalham lá fazem parte e estão juntos, mas precisa ter clareza de que cada um tem seu papel, sua ordem e sua contribuição no sistema.
Essa clareza de hierarquia geralmente é muito confundida nas empresas familiares. De acordo com a ordem, o sistema familiar vem primeiro e depois a empresa. É por isso que a prosperidade da empresa acontece mais facilmente quando o sistema familiar está inteiro, em ordem e em equilíbrio.
Consertando relações desequilibradas
O terceiro princípio sistêmico é o equilíbrio. O dar e o receber é o movimento que regula a necessidade de equilíbrio e, muitas vezes, esse fluxo harmonioso se acaba quando uma pessoa se doa mais do que recebe do outro ou quando um não agradece o que recebeu do outro ou quando um não reconhece a autoria do outro, etc.
No caso das empresas, o colaborador contratado recebe salário, benefícios, recursos para seu trabalho, oportunidade de crescimento entre outras coisas e deve, sistemicamente, devolver em comprometimento, produtividade e lealdade. Quando um colaborador falta indevidamente ou ”enrola” no trabalho , ele fica sistemicamente em dívida com a empresa e sua prosperidade ou crescimento possivelmente comprometido. Da mesma forma, quando uma empresa não paga devidamente ou não reconhece o desempenho de um funcionário que contribuiu mais,  ela dificulta seu engajamento e sua atuação enquanto colaborador, além de acionar conflitos e desconfortos, que podem até ser despertados em outro colaborador.
Existem vários exemplos que demonstram esse desequilíbrio e, seja ele qual for e em qual geração se iniciou, seu reestabelecimento está na compensação ou reparação, consciente ou não, do fato que provocou o desequilíbrio e, principalmente, da aceitação e do conforto de ambas as partes.
Muitas vezes, quando o desequilíbrio se dá pelo prejuízo de alguém ou por algo mais grave, como a perda de uma vida, o sentimento ou arrependimento não basta para se chegar nessa harmonia. Nesse caso, se faz necessária uma justiça reparativa; o importante é o reestabelecimento do equilíbrio perdido e a leveza da relação.
Vale-se pontuar que a consciência atua como instinto e este instinto grupal busca somente uma coisa: salvar e reestabelecer a totalidade. É por isso que Hellinger diz que “o sistema é cego na escolha de seus meios”. Emoções provenientes do que achamos certo ou errado, bom ou mal, são tão enganosas quanto perigosas. Na verdade, são os julgamentos que nos afastam da harmonia e dos princípios.
Quando nos relacionamos com uma pessoa, ela nunca está sozinha, ela representa e atua conforme seu grande sistema familiar.  Quando uma pessoa se casa com alguém, se casa também com toda sua família, com seus antepassados e sua ancestralidade. Respeitar e aceitar isso implica em uma visão sistêmica que contribui para um casamento saudável. O desafio mais importante é que cada um busque harmonizar seu próprio sistema e se torne o mais saudável e completo possível. O mais fácil, por outro lado, é simplesmente repetir e dizer inconscientemente “eu sigo vocês”, “eu sou como vocês”, “eu pago o preço assim como vocês.”
Questão de escolha
Hellinger descobriu que, inconscientemente, as pessoas seguem padrões de sofrimento por várias gerações e mesmo assim, sentem-se leves por ser igual ao sistema de origem. Muitas vezes o peso se dá pela escolha de não repetir um destino e construir um futuro diferente. Essa é a resposta do porque repetimos histórias de sofrimento ao invés de criar um outra bem diferente.
Vivemos uma triste realidade da história das relações humanas e é nesse ciclo vicioso que a Constelação Sistêmica atua e transforma, por ressonância, por consciência, por misericórdia divina e pelo poder de escolha concedido à todos nós.
No caso das relações humanas, a postura sistêmica pode ajudar preventivamente, compreendendo e agindo de acordo com os princípios de pertinência, ordem e equilíbrio.
Para Hellinger, uma relação saudável depende do importante passo de cada um respeitar seus próprios sistemas, incluindo todos, assumindo somente o seu papel na ordem da família e promovendo o equilíbrio com aceitação e respeito pelo que aconteceu no passado e gratidão por todos os antepassados. O segundo passo é o respeito pelos pais e família do outro e tudo o que vale para eles. O terceiro é deixar a família original, desprender do que era valor ou hábito para eles e assumir a nova família. O último passo é olhar para o parceiro e construir algo novo a partir do que escolheram trazer do antigo sistema, fazer diferente.
Infelizmente, o que acontece muitas vezes é que um filho não aceita um dos pais ou um dos pais do seu cônjuge. No fundo, essa rejeição é também a rejeição de si mesmo ou do cônjuge.
Pela sistêmica, eu sou meu pai, minha mãe e minha família. Por mais estranho que pareça, a aceitação/respeito para com eles e com todos que vieram antes me mim, me permite e possibilita ser diferente. Ou vice-versa. Assim como nossa sombra, quando mais a negamos ou rejeitamos, mais ela tem poder sobre nós. Reconhecer, aceitar e respeitar aquela pessoa da família que é julgada, criticada ou excluída, é o que melhor podemos fazer para permitir que o amor flua em nossas relações.
Foi também observado que o filho(a) que não aceita/respeita os pais ou um dos pais, provavelmente, ainda espera algo que eles não podem dar. Cria-se, portanto, uma dinâmica crítica, dependente, imatura, às vezes, até agressiva, de estar sempre à espera ou na cobrança que alguém lhe faça algo ou lhe dê algo por obrigação, uma vez que, desenvolve-se um grande vazio, um “saco sem fundo”, amplificado pela incapacidade de agradecer. Quando o filho aceita seus pais e antepassados e os respeita, ele cresce, “toma-os para si”, se engrandece com a força deles e segue sua vida com fluidez.
Tudo na vida existe um preço a pagar, e assim como a colheita, colhemos o que plantamos e o que plantaram antes de nós. Podemos sim parar de repetir destinos desnutridos ou apodrecidos e melhorarmos nossas relações pessoais e profissionais.  A Constelação Sistêmica pode ajudar sim, mas o mais importante para viver nossa melhor história é uma escolha amorosa e sistêmica de nos relacionar.
[1] Rupert Sheldrake é um biólogo pesquisador dos fenômenos não sensoriais e outros aspectos da mente expandida.



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